O Poço
Havia um poço no quintal de uma bela casa. Sempre muito importante, era feito de belos tijolos e adornado com lindos detalhes que eram capazes de causar admiração a quem olhasse. Sua cobertura era de lindíssimas telhas de cerâmica, com decorações feitas à mão.
Embora fosse muito útil, um dia o poço acabou secando. Ficou, então, abandonado. Permanecia lá, no quintal, sendo parte da história daquele lugar, sendo parte das memórias das pessoas que, por anos, puderam tirar o melhor dele.
Certo dia, uma tempestade enorme assolou aquele lugar. As lindas telhas de cerâmicas foram danificadas, começaram a apresentar rachaduras. Ninguém viu, no entanto: ele aparentemente estava intacto, inteiro. Como nenhuma pessoa se importou para verificar pessoalmente o seu estado, não houve ninguém que percebesse os danos e tivesse ímpeto para repará-los. O poço, então, ainda permanecia lá, como um totem de recordação de bons tempos.
O tempo foi passando e novas tempestades, novas chuvas, novos tormentos vieram. Tudo isso contribuiu para que, aos poucos, as rachaduras nas telhas da cobertura do poço fossem criando goteiras. Cada gotejar foi, lentamente, caindo dentro daquele poço que, um dia, foi tão belo e querido. Como as goteiras eram sutis, novamente ninguém percebeu.
Todavia, os dias chuvosos eventualmente voltavam. A goteira era incessante e, pouco a pouco, foi enchendo novamente o velho poço. Porém, como havia ficado abandonado por muito tempo, sem o devido cuidado, a sua estrutura não era mais capaz de suportar muita água.
Um dia, sem ninguém sequer imaginar, o poço, então, implodiu. A água se espalhou por dentro do solo e tornou a terra inutilizável. As pessoas que, por anos usufruíram daquele belo e magnífico poço, ficaram aterrorizadas. Os danos causados eram irreversíveis..
Não havia mais nada a ser feito. Algumas coisas só têm conserto quando se dá atenção a tempo.
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