Salto da Fé | Edimar Silva
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Salto da Fé

Ele sabia que, assim que aquele passo fosse dado, não haveria mais volta. Mas também sabia que a "volta" não era algo que ele queria. Não naquele ponto. Não naquele momento. Não para o resto da vida. Esse passo adiante era tudo pelo que estava aguardando já há um tempo. Talvez a única dúvida era se esse passo não deveria ter sido dado antes. E, numa fração de segundos, antes que qualquer outra dúvida pudesse permear por sua mente, ele deu o ansiado passo adiante.


Deixou-se levar e, repentinamente, começou a sentir algo que não imaginava mais ser possível sentir. Uma euforia tomava conta de seu peito, fazendo o coração acelerar de maneira inenarrável. A adrenalina pulsava em suas veias e, involuntariamente, desenhou um sorriso naquela face que por anos fora tomada por uma sisuda feição. Era apenas um cantinho da boca que assemelhava-se a um sorriso, mas era mais do que qualquer outra coisa sentida em anos, talvez décadas. Um sentimento de contentamento. O mais próximo de "alegria" depois de muito, muito tempo.


"Inatingível". Era essa a palavra que, para ele, definia a sensação de felicidade. Era o que ele buscava naquele momento? Não, definitivamente. Mas era algo que pudesse se contrapor à impossibilidade da felicidade: o não sentir. O vento assoviava uma doce melodia, como o canto de um cisne. O rosto que demonstrava um minúsculo sorriso também sofria a ação do vento. Os cabelos esvoaçavam. Aquilo parecia bom. Aquilo tinha uma boa sensação.


Mas, por um breve instante, uma memória boa, dos tempos de infância, impregnou-se em sua mente. Algo rápido demais, é verdade, mas que teve força o suficiente para tirar uma pequena lágrima daqueles olhos que as verteram durante os anos que precederam aquele passo. "Para que lembrar de coisas boas?" Esse questionamento fez com que a lembrança rapidamente esmaecesse e ele pudesse, enfim, encarar a realidade. A dura realidade.


"Ainda havia tempo para viver". As aspas dominavam seu passado. As aspas sempre cercaram o presente. E o ponto final - ou talvez uma exclamação - poria fim ao extenso parágrafo com palavras repetidas. Palavras raros foram os olhos que leram. Palavras que às vezes rimavam, às vezes se contradiziam, mas sempre foram o escudo contra todas as armadilhas que ele precisou enfrentar. Mas nem um escudo dado como invencível seria capaz de aguentar por tanto tempo. Tampouco meras palavras...

Rapidamente atingiu o solo. A queda não durou nem cinco segundos, mas foi tempo suficiente para sentir e lembrar de coisas que há tempos haviam ficado no passado. Há quem acredite que essas coisas poderiam voltar a serem sentidas se ele não tivesse dado o passo para além da beirada do prédio, mas nunca ninguém verdadeiramente se importou. Eram apenas palavras da boca pra fora, diferente das palavras que ele sempre usou.


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