"Perdão". Uma palavra poderosa. Uma atitude poderosa. Tão poderosa que ela pode curar duas almas, dois corações, ao mesmo tempo. Talvez até mais do que isso. Mais corações, mais almas, mais do que curar. Perdoar é uma atitude nobre e engrandecedora. Uma palavra cujo significado não se atém ao que está definido no dicionário, que vai muito além do que podemos verbalizar.

"Doar". Dar-se, doar-se, entregar-se em tudo que se faz. Fazer e ter orgulho daquilo que se faz. Seja dar uma mão àquela pessoa que precisa, dar um abraço em alguém que está passando por alguma situação difícil, dar um sorriso para alegrar o dia de outrem. Dar é sempre melhor do que receber, pois, assim como o perdão, é uma atitude que gratifica e beneficia, na maioria das vezes, mais do que apenas quem a pratica.

"Perder". Ninguém gosta de perder, embora isso seja parte do jogo. Parte da vida. Parte do cotidiano. Mas nem tudo que perdemos é ruim. Perdemos o medo do escuro. Perdemos o medo de tentar. Mas também perdemos pessoas, perdemos momentos. Perdemos coisas que nunca mais teremos de volta. Alguns perdem a si mesmos. Mesmo fazendo parte da nossa existência, perder ainda pode machucar, dependendo do que se perde.

Perder.

Doar.

Perdoar.

Eu me perdi. Perdi, pessoas, momentos, vontades, desejos. Perdi coisas que não deveria ter perdido. Que não serão encontradas. Que não terei de volta. Em contrapartida, durante toda a minha vida eu me doei. Doei mais do que recebi, mas não falo isso como arrependimento ou algum tipo de reclamação. Tenho a consciência tranquila por ter, sempre, dado o melhor de mim em tudo, mesmo sabendo que o melhor de mim, pelo menos para mim, nunca foi suficiente. E por isso peço perdão. Peço perdão pelo que fiz, pelo que tenho feito e, principalmente, pelo que vou fazer.

Não se perca. Doe-se. Perdoe-me.

De tanto tentar, de tanto se esforçar. Em certos momentos, até chegou perto, mas não o suficiente para manter aquilo que tanto queria. Cansou. Mas continuou, pois ainda acreditava, embora soubesse que era em vão, tentando alcançar aquilo que tanto desejava.

Lágrimas.

Após admitir a impossibilidade de concretizar seu sonho, nada mais fazia além de chorar. Chorava a todo momento. Mesmo quando não havia lágrimas descendo pelos seus olhos. Chorava internamente e ninguém via. Sofria em silêncio e expressava seu sofrimento em palavras que ninguém compreendia. Nem eram palavras complexas, eram palavras simples, unidas de forma singela, apenas com intuito de traduzir uma dor que, na verdade, não cabia em palavras. Por isso encontravam dificuldade em entender o que aquelas frases diziam. Seus olhos choravam lágrimas que molhavam o papel, enquanto seus dedos choravam palavras incompreensíveis por quem não sentia a mesma dor.

Sangue.

Foi encontrado o corpo embebido nele. O sangue que estava cansado de correr pelas veias de um corpo sem vida que ainda vivia estava, agora, evidenciando o fim daquela existência miserável. O coração havia cansado de bater e impeliu-o a acabar com o sofrimento de bater inutilmente. E assim acabou uma história que jamais deveria ter sido começada, pois nascer para não ter vida, que não nasça.

Ter coração para não amar (nem receber amor), que não tenha.