Estas Palavras São Minha Alma | Edimar Silva
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Estas Palavras São Minha Alma

Quando a noite chega e a escuridão me cerca, sinto-me como um soldado ferido à procura de guarida. Escondo-me nas trincheiras de devaneios, mas não por muito tempo. Os batalhões de lembranças e pensamentos vêm cada vez mais fortes e mais bem armados. É uma batalha que, toda noite, perco. É uma guerra que, em breve, perderei.


Sento-me sozinho à mesa e pego o álbum de fotografias que nunca mais guardei. Ele permanece sobre a mesa desde sempre, essas lembranças têm sido os frágeis elos que mantêm a corrente que me prende à vida. Algumas fotos estão espalhadas, outras, no entanto, há tempos não vejo. Olhar para a imagem de pessoas que se foram é algo que me fere profundamente. Muitas dessas pessoas, no entanto, não morreram. Elas se foram da minha vida. Elas criaram as lembranças e deixaram suas cicatrizes apenas. 


A sala, já envolta em breu, recebe um pouco de luz da vela que me ajuda a enxergar as imagens que seguro nas mãos. Vejo fotografias minhas, de um tempo em que a escuridão ainda não circundava a minha alma. No entanto, não tenho certeza de que aqueles sorrisos capturados eram, de fato, verdadeiros. Talvez o breu que hoje me cerca, naqueles momentos em questão, apenas estivesse se preparando para dominar o meu coração. Mesmo assim, posso afirmar que os meus sorrisos das fotos eram mais sinceros do que estes que tento manter em minha face hoje.


Às vezes eu até me surpreendo com a quantidade de pessoas que passaram pela minha vida. Essas fotografias, muitas delas tiradas com minha própria mente, demonstram uma enorme multidão que, com o passar do tempo, foi embora e fez de mim um mero desconhecido. A maioria daquelas pessoas não me reconheceria hoje, seja meu rosto ou o ser que me tornei. Pessoas para as quais eu também morri. 


É inevitável sentir os olhos marejados ao observar as imagens daquelas pessoas que foram embora daqui. Pessoas que, caso estivessem vivas, me fariam vivo. Dizem que nunca sabemos o que temos até perdermos. Eu perdi a mim mesmo. E agora é tarde demais. Não podemos ter de volta aquilo que se foi. E eu, há muito, fui embora. Esta casca que restou sobre a terra não sou eu.


Fecho os olhos para chorar e, ao abri-los, percebi que a vela havia caído sobre as fotografias. O fogo começava a se espalhar pela mesa, mas permaneci estático. As chamas alcançam minhas mãos, mas não sinto dor. Meu corpo, então, começa a incendiar também. Vejo a mesa cair enquanto o fogo a destrói, as fotografias, pouco a pouco, vão se tornando pilhas de cinzas.


Eu, assim como as fotografias, sou reduzido a cinzas. Dentro ou fora das fotos, somos apenas uma pilha de cinzas. 



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