As palavras
que saíam desta boca raramente eram compreendidas.
Por muitas
e muitas vezes gritei por socorro. Minha garganta cansou-se, então precisei
sussurrar. Mas se ninguém ouvia os gritos, como eu poderia esperar que alguém
ouvisse meus sussurros? Foi em vão. Tanto que, com o passar do tempo, as próprias
palavras perderam seus significados. Gritar ou sussurrar perdeu seu sentido. Eu
não tinha mais palavras para por para fora, então apenas balbuciava.
As palavras
que saíam desta boca raramente eram compreendidas.
Mas talvez o
sangue que agora verte dela possa ser entendido.
A falta de
carinho que este corpo sentia nunca foi visto.
Abandonado
na escuridão, mesmo nos dias mais claros, seguir adiante era uma tarefa cada
vez mais difícil. Colocar um sorriso no rosto era como vestir com roupas caras
um defunto. Tudo para enfeitar e esconder aquilo que ninguém se importava em
ver. Fingir ser o que não era para evitar mais sofrimento, como se possível fosse.
Tanto esforço para ser o que não era, para mostrar o que não existia... tudo
para resultar em nada, o nada que sempre fui, o nada que sempre habitou dentro
deste corpo.
A falta de
carinho que este corpo sentia nunca foi visto.
Mas talvez
as cicatrizes que ele carrega possam ser vistas.
A morte dos
bons sentimentos aqui dentro foi ignorada por todos.
Carreguei
por uma vida inteira um caixão com os cadáveres dos sentimentos bons que foram
morrendo pelo caminho. Eu os sepultei dentro de mim. Um sepulcro ambulante para
as coisas boas que senti. Na verdade, eu era um cemitério de sentimentos e um
caixão para mim mesmo. Enterrei-me em mim e senti-me apodrecer. Fui
decompondo-me pelo caminho, seguido por abutres que chamei de amigos, por serem
os únicos que estiveram ao meu lado. Em vão.
A morte dos
bons sentimentos aqui dentro foi ignorada por todos.
Mas talvez
a minha própria morte seja percebida.
Ou talvez não.
Há tempos não
existo, como poderia morrer?
Escrevi ouvindo esta música.
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