Desvanecer | Edimar Silva
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Desvanecer

Os dias continuavam passando. O corpo, já enrijecido, ainda não foi encontrado e ninguém sentiu falta dele. Há duas noites ele havia decidido colocar um ponto final em seu sofrimento porque, embora houvesse tentado durante muito tempo transformar sua dor em palavras, essas tentativas não foram suficientes para amenizá-las. 

Essa dura decisão foi tomada quando ele, enfim, tomou coragem para pendurar seus fracassos por aquela corda. As pessoas que passaram na vida dele tentaram, em vão, dar razões para que ele continuasse a batalha. Mas elas não sabiam - ou não entendiam - que as palavras não podiam salvá-lo. Se pudessem, as palavras dele bastariam. Os poemas e canções que ele compôs teriam sido suficientes, mas nunca foram. Nunca foram porque as palavras e metáforas não podiam expressar o horror que o consumia internamente.

O tempo continua passando, o clima mudou. A chuva, trazendo a trilha sonora perfeita para um adeus, começou a cair compassadamente. O jovem rapaz, que suspendeu sua vida para sempre, não podia mais ver a chuva que tanto amava. Ele gostava da chuva porque era como se o mundo chorasse com ele. Ele costumava dizer que, em meio às tempestades, as pessoas poderiam compreender como ele se sentia: isolado, desolado, com vontade de se libertar daquela situação. A única diferença é que a chuva cessava e, o sentimento de impotência, não.

Alguns meses depois, há boatos de que a mãe do rapaz foi visitá-lo, entrou no quarto dele e assustou-se com a forca pendurada. Dizem que, apesar do susto, ela ainda tem esperança de encontrá-lo. Não, o corpo não estava lá. Ele não foi resgatado, ele apenas desvaneceu. Exauriu-se de sua existência sem deixar nenhum vestígio. A mãe dele, embora dissesse que tinha esperança que ele aparecesse, em poucos dias estava ocupada demais se preparando para o casamento do seu filho mais novo. 

Os dias continuavam passando e a forca permaneceu lá. O rapaz... Bem, o rapaz não existe mais. Ele costuma escrever textos que ninguém lê. 







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