Ponto Final | Edimar Silva
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Ponto Final

Às vezes tudo parece bem, ou, no mínimo, normal, até que repentinamente vem uma enxurrada de pensamentos que você não consegue evitar. E eles te acertam em cheio. Alguns cortam a pele, outros batem e deixam hematomas que ficarão por dias, anos. De uma hora para outra tudo muda. E lá está você, em meio ao nada, novamente, sem saber para onde ir e o que fazer com as dores que sente. Como fazer para parar de senti-las. 

Para onde correr?

Todos os lugares estão cheios da onda que te atingiu. Não há como escapar. O que ainda não marcou sua pele ainda está à espreita, apenas aguardando a oportunidade em que sua mente estará desprevenida para atacá-la. E, então, plantará em sua cabeça pensamentos que farão você enlouquecer. Quiçá ainda colocará lembranças de coisas que nunca aconteceram, tornando o martírio ainda mais dolorido ao embasar sua realidade em falsas memórias. Dores que você nunca sentiu misturadas àquelas que tanto machucam. 

O que fazer?

Nenhum lugar é seguro. Não há local que seja alto o bastante para que essa enxurrada não chegue. Não há escapatória. Não há lugar físico que possa te manter a salvo. Mesmo que você corra para dentro da sua cabeça não encontrará segurança. Lá, inclusive, tem outros monstros ainda maiores e mais sedentos por uma presa. 

Você fecha os olhos e tenta respirar fundo, mas respirar dói. Seus pulmões estão fracos de tanto manter vivo o corpo semimorto. O coração, pobre coitado, é um mero escravo sendo obrigado a fazer um serviço que já se fartou de fazer. Seus olhos estão fechados e você não quer mais abrir. A escuridão sempre foi reconfortante. Os pensamentos ainda rondam, alguns deles envoltos em culpa, outros, em raiva, angústia. Cada um deles travestido de um sentimento que você desejaria não ter.

Subitamente, em meio aos pensamentos que flutuam sobre você, desce uma corda. Seus olhos, entreabertos, veem nela a saída para o sofrimento. O fim de cada dor. O encerramento da tortura do viver. Com o pouco de força que ainda lhe resta, suas mãos, trêmulas e ensanguentadas, preparam o nó que colocará o ponto final na existência reticente.

Você dá seu último suspiro, vê os pensamentos alçando voo, coloca a corda no pescoço e...

          Ponto final.


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